Ansiedade é uma palavra à qual estamos acostumados. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), 9,3% da população brasileira possui algum transtorno de ansiedade, o que nos torna o país com maior prevalência desses diagnósticos. O que pode ser dito dessa experiência, tão comum em nosso dia-a-dia?
Não é necessário ter um transtorno para ter vivido esse fenômeno, parte da experiência humana. Sentimentos de medo e pensamentos catastróficos (a tendência de antecipar consequências negativas, sem se levar em conta que existam outras possibilidades) são comuns. Ao mesmo tempo, a ansiedade é uma experiência complexa, que pode estar associada, entre outros, ao trabalho, histórico familiar, traumas e relações. É possível também ser situacional. O que exatamente estimula sentimentos de nervosismo pode variar muito de pessoa a pessoa, por isso, precisa-se levar em consideração alguns pontos. Onde nascemos e vivemos, para mencionar apenas dois, são dados relevantes pois cada lugar geográfico tem a sua própria história, que organiza uma dada sociedade. Ela mostra que tipo de valores são importantes naquela região (e, também, o que é relegado ao esquecimento e à irrelevância). Valores, por sua vez, são formadores de nossas raízes, afetando a formação de nossa personalidade. Dado a multiplicidade de fatores envolvidos no fenômeno da ansiedade, separarei esse tema em alguns posts para poder melhor me aprofundar.
Para começar: como se lida com a ansiedade na psicoterapia? Há diversas metodologias, mas o importante é sempre ter o paciente como ponto central. Por isso, primeiro procuramos conhecer a pessoa que está a nossa frente, o que lhe causa sentimentos ansiosos, em que circunstâncias estes aparecem, como eles afetam a vida da pessoa, etc. Também se procura conhecer os valores dela, como ela está inserida no meio que habita (incluindo-se aqui o trabalho e as demais relações), sua história e sua experiência. Gostaria aqui de sublinhar a importância do estudo do nosso modo de vida para a saúde mental.
Viver numa sociedade do consumismo, rápida e imediatista, promove comportamentos ansiosos, impulsivos e compensatórios. Isso significa que a população responde a essas demandas da sociedade se adaptando da forma como lhes é possível. Assim, um cliente procurar psicoterapia com queixas de ansiedade, ou de qualquer outro tipo, não pode ser visto apenas como um fenômeno individual. É necessário entender o ser humano como um sujeito que faz parte do mundo, como um ser capaz de afetar o seu meio circundante ao mesmo tempo que é afetado por ele. Portanto, um dos papéis da psicoterapia é revisar, juntamente com o cliente, como este está se relacionando, como ele é afetado por diferentes circunstâncias e pessoas, como são suas adaptações ao mundo onde habita, etc. Daí, a pessoa pode entender o que lhe é útil e saudável e o que lhe causa sofrimento. Nesse ínterim, cria novas ferramentas e novos jeitos de interagir consigo mesmo e com o ambiente, transformando seu sofrimento.
Aqui, quebrarei o texto e continuarei no próximo post falando sobre algumas das coisas que uma pessoa pode fazer para cuidar da sua ansiedade.
Até breve.
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